sexta-feira, 14 de maio de 2010

SEGREDO DA CHUVA...




Num quarto só de passagem onde lentamente soletramos carícias que estremecem
Num quarto ao lado desenhando no fumo de um cigarro, vendo-te sorrir!
No mesmo quarto (mesmo distante!) uma porção de sorrisos entregues ao fascínio...
Esta história pertence-nos em segredo certamente,
Apenas nós partilhamos a madrugada que devagar se alastra
No eco da tua voz que arrepia!

Tão próxima da verdade existencial...

Todo o tempo é nosso frente ao veludo da chuva,
Todo o tempo é nosso transparente a um sonho colado!
Entre velas acesas e rotas desenhadas,
Procuro-te na noite e ofereço-te as minhas asas,
Vejo ao longe a silhueta de corpo pintado desfilando em horas lentas,
Tocando por dentro a fragilidade da porcelana branca que me pertence!

Coincidências?

Algumas... Unidas num sopro de um só fôlego nas palavras continuam pela noite dentro,
Nas sílabas que se confundem com a vontade do nosso olhar pregado no fogo!

O voo é breve, mas pura é a alegria do encontro!
Ver as sombras encostadas ao rumor,
E as asas abertas pintando a densidade...
Ver a procura perdida na unidade,
Como quem penetra lentamente os vestígios da nossa sede.

Em cada um dos teus gestos persiste a nostalgia do vento
Encostados á melancolia solitária...
A presa incide na imprevisível vontade de caçar os olhos singulares da felina!
Estendeu as mãos, como se a seu auxilio fosse.
Sem explicar, borbulhava-lhe o coração...
Apenas procurava pelas águas em abandono onde pudesse mergulhar,
Era sua intenção afundar-se, era sua intenção querer ouvir o canto da sereia!
Enquanto espera pela caçada, gravou os passos no percurso
Inventou uma nova geometria para os seus rostos
na plenitude invisivél da viagem agora partilhada...


DIANA VELOSO