Ventos de outras eras
Valorizadas por alguns e esquecidas por muitos, até mesmo por mim.
Relembro aquela criança arrebatada de sonhos gigantes e de amores impossíveis. Cheia de emoções, um pouco sombria e muito intensa.
Ah! Como lembro daquela impaciência de querer tudo já e agora. De querer viver histórias que não me pertenciam mas que as sonhava e as idolatrava incansavelmente.
Não estavam ao meu alcance! Não era aquela a minha hora.
Lembro da escrita ser um porto seguro. Um refúgio onde a minha alma e o meu corpo desmantelavam-se sem ninguém saber.
Esse momento era só meu! Meu e de mais ninguém.
Sinto falta desse tempo! Não de estar só e apedrejada. Não de estar quebrada em pedaços. Nao é isso que anseio! Anseio sim a intensidade das noites onde a caneta não parava e o sopro era devorado e preenchido de tudo e nada.
Hoje falei com um amigo que nas suas breves palavras descuida o segredo que no seu refúgio encontrou a desejada utopia e que essa na rotina não paira.
Confesso! Invejei-o por horas.
Inveja de olhos entusiasmados e de sorrisos rasgados. Inveja de cantar bem alto o sentido de uma paixão.
Senti vontade de fazer o mesmo.
E curiosamente aqui estou. De volta a uma folha de papel qualquer acompanhada por uma caneta galopante e sorriso estampado.
Curioso pensar que este ser (hoje mulher) forte e complexa encontra nas palavras a inocente pureza da felicidade.
Estou feliz por agora, mas não prometo voltar.
Pois foram nestas mesmas profundezas de tudo que de repente também encontrei o nada.
Diana Veloso