segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fase Da Lua


Esta noite, uma luz rasga velozmente os céus.
As montanhas são derrubadas velozmente com um só sopro.
Minhas mãos, pálidas e ritmadas pelo nervosismo, contornaram a pele morena em gestos recolhidos,
Os meus olhos, perderam-se no caminho!
Apenas a linha…sobre tudo o que te desenha, deixa rastos de desejo e pecado!
Meus lábios secos, insaciados e famintos procuram o néctar nos teus semi-abertos, rosados encaixam!
Provocam o encontro, entrelaçados com todas as estrelas apenas num beijo!

Leva-me contigo, coração!
Por ti, abracei coisas de olhos fechados e desordenei astros sem intenção.
Por ti, a minha alma estática ficou perdida no fumo de um cigarro.
E o azul do céu fez de ti o papel da poesia…
Escrevi os versos mais belos que sonhaste.
Versos sem palavras nem poesia…
As palavras eram escassas para descrever todas as sensações,
Não chegavam, eram simplesmente incompletas!
Limitei-me a pousar a caneta sobre a tua estrela,
Esperei, que em conjunto a nossa história fosse escrita, sem pensar!

Vem buscar-me, sem amarras nem muralhas.
Encosta o teu peito, acaricia-me o rosto extasiado.
Pousa a tua sobre a minha ardente boca. Beija-me por séculos…
Como tu, também eu sinto!
Minha alma queima e o meu corpo anseia pelo teu.
Tudo é vago, mas completo. Quase perfeito!

Que importam histórias doloridas de um passado?
Minhas suplicas estranhamente foram ouvidas.
Minhas mãos não voltaram vazias do sonho!
Atravessei todas as montanhas.
Cavalguei no mais largo universo, mais amplo e mais rasgado!
Trouxe comigo, no final da viagem… teu coração em minhas mãos;

Quis vencer, quis lutar!
Quebrei as minhas muralhas de séculos, uma a uma.
Entrei em meu castelo e deitei-te a meu lado,
Despedi-me de ti, por breves momentos, com um beijo!
Adormeci sobre teu dorso.

Ao longe, já em sonhos distantes da minha alma, uma voz baixinha sussurrando:
- “És tu… És tu, sempre vieste!”

DIANA VELOSO

IN-COMPLETA


Apoiada sobre um corpo que não me pertence,
Olhando o horizonte disperso no brilho.
Imóvel, melancólica, perdida, vaga nas imagens de segundos…
Senhora da iminência do nada, do vazio em que me sinto agora.

Queria ter forças, coragem para me erguer e espalhar o sorriso!
Pobre coitada! Incapacitada dos membros, inconstante no pensamento.
Toneladas espalhadas apenas num gesto, derrubam desastrosamente a menina ali sentada…

Razão? Não! Apenas pensei que a tivesse!
Identifiquei a cura no estado mais avançado da doença.
Enferma, mal tratada, necessitada de intensidade!

Olho para o passado, o que vejo?
Resumido em cinzas varridas pelo tempo.
Deixei a menina do lado errado da margem.
Com ela, toda a alegria, todas as glórias e paixões…
Hoje, não sou mais do que a mulher que alguns invejam, outros receiam…

Este corpo não me pertence! Não o paro de o dizer!
Eu não travei todas estas batalhas para chegar ao meio da guerra sem o escudo valente protector…
Fisicamente presente? De que serve se não sou dona destas veias bombardeadas?
Fraca, os dedos doloridos de escrever, sem tinta!
Preciso, anseio recarga, multiplicidade de cor, transparências nas palavras mencionadas.

Alguém… Alguma coisa…
Peço, piedosamente alguém que me pare ou pelo menos que me iluda por momentos,
Enquanto isso, espero…

DIANA VELOSO

terça-feira, 10 de agosto de 2010

CONSCIENTE IRREFLECTIDA



Aqui calada pensei:
- Corpo efémero, usado e esquecido! Guerreira, calada, dolorida de silêncios de rosto pálido e cansado!

Peço-te, coração:
- Não batas! Promete-me a palavra amargurada! ~
Penetra eterno no derradeiro sono.
Adia o batimento para mais tarde!
Estou quebrada em pedaços,
Descolada e implantável de terras!

Não vês? Não vês como efémeras são as paixões?
Não vês o tombo frequente que me prossegue?

Assusta-me, assusta-me pensar que serei usada e derrubada na berma da estrada.
Assusta-me imaginar-me reduzida a trapo velho, desprendido, desapegado e sujo…

Imóvel deixa-me estar, não batas! Acalma…
O monstro do sentimento arrancaria para sempre o genuíno do coração.

Um artificial não poderia envelhecer, desocupado estaria.
Utópico na fantasia caminhando sobre as profundezas das suas águas!

Consigo assim, espaço em branco voltado á transparência, ao ritmo acelerado, lúcida e louca da vontade de amar!

Pequena, frágil, orvalhada… Enredando a voz de um poeta lacunado no sopro!

Dama da pedra rara e desejada, cheia de nódoas procura fundir-se na chama!
Errada poderei ser, mas serão necessárias mais do que metáforas para mo dizer!

Teimosa sangrando, de um coração que não controla!
Perdida entre as marés.
Selvagem, indomável, irreflectida… Escolho o centro!
Criança desobediente enamorada da disponibilidade!

Olhei-me de longe, representada e invertida…Pensei que sim!
Neste mesmo segundo em que escrevo olhei-me de longe, representada.

Levantei-me e saí…Posso correr? Fugir? Não!

Ouvi, ouvi a pulsação! Tinha escutado a sempre menina, mesmo assim!

Rendida, não posso lutar…Deixarei simplesmente entrar!

DIANA VELOSO