terça-feira, 13 de abril de 2010

NEGRO PERFIL DO TEMPLO (BEELZEBUTH)


Avanço infatigável...Recuo da bondade!
O meu corpo agitado por uma dança nua de humildade demasiado breve no olhar que se reflecte em segredo...

Tenho sede de outras eras, de lembranças soberanas no perfil negro do passado,
Sede do zumbido intermitente da falésia singular da poesia,
Sede de desertos de batalhas sem guerra!

Movimento breve a pontuar no silêncio frio da sombra...
Poeira de outros voos...
Evidências de um sopro da luz que se decompõe na canção inalterável da morte!

Anulo a ilusão, o diálogo, o escudo!
Dissolvo-me na inquietação nocturna da cúpula,
Na agressividade de tempos sobrepostos,
No movimento da poeira do grito!

Balbuceio à conquista da noite em ruína!

Borboleta luminosa e negra recortada no absurdo!
Sozinha na outra margem, receando o ruído da terra!
Sozinha na outra margem, deitada ao lado da morte!

Essa ''menina''?...
Vi-a na outra margem, parecia não querer partir!
Essa menina, agora devorada pelo ácido das palavras,
Afogou-se na transparência dos seus gritos dados no vazio!
Os lábios desfizeram-se na tão dura escrita que cresce quando tudo se apaga!
E assim adormeceu, encostada ao ausente,
De olhos fechados para o percurso das palavras...

Foi certamente bela essa ''menina''!
Restam apenas cinzas como rumor vago no tempo!

Palpitação? Medo?
Não...Simplesmente ausente!

DIANA VELOSO