segunda-feira, 16 de agosto de 2010

IN-COMPLETA


Apoiada sobre um corpo que não me pertence,
Olhando o horizonte disperso no brilho.
Imóvel, melancólica, perdida, vaga nas imagens de segundos…
Senhora da iminência do nada, do vazio em que me sinto agora.

Queria ter forças, coragem para me erguer e espalhar o sorriso!
Pobre coitada! Incapacitada dos membros, inconstante no pensamento.
Toneladas espalhadas apenas num gesto, derrubam desastrosamente a menina ali sentada…

Razão? Não! Apenas pensei que a tivesse!
Identifiquei a cura no estado mais avançado da doença.
Enferma, mal tratada, necessitada de intensidade!

Olho para o passado, o que vejo?
Resumido em cinzas varridas pelo tempo.
Deixei a menina do lado errado da margem.
Com ela, toda a alegria, todas as glórias e paixões…
Hoje, não sou mais do que a mulher que alguns invejam, outros receiam…

Este corpo não me pertence! Não o paro de o dizer!
Eu não travei todas estas batalhas para chegar ao meio da guerra sem o escudo valente protector…
Fisicamente presente? De que serve se não sou dona destas veias bombardeadas?
Fraca, os dedos doloridos de escrever, sem tinta!
Preciso, anseio recarga, multiplicidade de cor, transparências nas palavras mencionadas.

Alguém… Alguma coisa…
Peço, piedosamente alguém que me pare ou pelo menos que me iluda por momentos,
Enquanto isso, espero…

DIANA VELOSO

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